quinta-feira, 29 de maio de 2008

foto: atta
"Moço cuidado com ela há que se ter cautela com essa gente que menstrua"



segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sozinha no mundo de muitos (parte I)

Sempre foi sozinha a shows, bares, cinema, café e principalmente ao banheiro. Porém, naquela noite fora acometida pela doença do "Muitos e Nenhum". Lembrou já ter sentido aquilo tempos atrás num bazar multicultural daqueles com musicas, vídeos e muitas coisas para gastar o dinheiro que não se tem. Nessa época, havia findado o único namoro que teve na vida. Em meio a tensões vestibulandas ela fazia free lancer de fotógrafa. Pegava alguns trabalhos ruins, mas, que pagavam suas contas.

O que a fez girar em torno de si naquele momento? Seu métier estava em sua frente e mesmo assim sentia-se entre muitos e nenhum ao mesmo tempo. Eles eram apenas presas fáceis para um bom lobby. Olhando aquelas pessoas uma dor e uma sensação de vazio lhe arrebatou. Embora tentasse não conseguia que sua fala fosse admitida em rodas de bate-papo como aquela onde as relações de poder legitimam vozes e só. Essa constatação lhe afastava ainda mais dali.

Decidiu então fazer a escolha que segundo ela era a mais acertada: fecha-se em si mesma. Ainda assim a dor não passou e como virose estendeu-se pela semana inteira. Na febre questionou amizades, familiares e sua própria vida. Não parou de indagar, reviu contratos sociais, investimentos amorosos e constatou que ter poder é depender de falas e posturas.

O que era uma simples aflição agora se torna uma reflexão em cadeia. Tudo que construiu para manter-se longe de problemas externos eram apenas teorias que funcionaram em alguns momentos, uma espécie de placebo é desmascarado pela necessidade de crescimento e de entendimento das relações políticas. O mundo agora lhe exige respostas mais maduras.

Sem entender ela é empurrada para uma hermenêutica imensurável. Talvez seja hora de ser aquilo que é em essência, não o que todos querem que seja. É hora de afinar as identidades.

sexta-feira, 9 de maio de 2008




Dentro ou fora de mim



A palavra casa detém em si um léxico próprio. Tomemos a aqui como abrigo. Seja ele material físico, espiritual, corpo e ou construção.
Abrigo do Sagrado, dos desejos, dos rituais, das recordações, das intimidades...
É para dentro dele que desejamos voltar com todas as sensações do cotidiano e canaliza-las para seus devidos recipientes.
Quando nos deparamos com o vazio desse abrigo, com a falta dos objetos que nos legitimam e descrevem nossa personalidade somos tomados por um desespero que põe em conflito o ser interno e o ser social presente na identidade humana.
É nesse conflito que se desenrola a história da maquiladora Renata Maria vivida pela atriz Mariana Freire no monólogo teatral Casa Número Nada.
Diante do vazio de sua casa Renata tenta entender o infortúnio de ter sido roubada. Ao buscar os porquês, através dos poucos objetos que ficaram espalhados pelo chão, ela se envolve em questionamentos maiores ligados a existência, a conduta, valores e crenças, aflorando assim o sentimento de medo, a memória e seus preconceitos.
Tudo isso contado em uma excelente performance da atriz que defende um teatro onde o corpo tem maior expressividade.

Casa Número Nada
interprete Mariana Freire* direção Fábio Vidal * roteiro Mariana Freire e Fábio Vidal * iluminação Fábio Espírito Santo [querido Sprite] * concepção cenográfica Mariana Freire * direção musical Luciano Bahia * figurino, maquiagem e adereços Rino Carvalho * produção Mariana Serrão * fotografia Zélia Uchoa * programação visual Paulo Heber * assessoria de imprensa Juliana Protásio * operador de luz Alexandre Moreira * operador de som Mariana Serrão*.



foto bia braz