segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sozinha no mundo de muitos (parte I)

Sempre foi sozinha a shows, bares, cinema, café e principalmente ao banheiro. Porém, naquela noite fora acometida pela doença do "Muitos e Nenhum". Lembrou já ter sentido aquilo tempos atrás num bazar multicultural daqueles com musicas, vídeos e muitas coisas para gastar o dinheiro que não se tem. Nessa época, havia findado o único namoro que teve na vida. Em meio a tensões vestibulandas ela fazia free lancer de fotógrafa. Pegava alguns trabalhos ruins, mas, que pagavam suas contas.

O que a fez girar em torno de si naquele momento? Seu métier estava em sua frente e mesmo assim sentia-se entre muitos e nenhum ao mesmo tempo. Eles eram apenas presas fáceis para um bom lobby. Olhando aquelas pessoas uma dor e uma sensação de vazio lhe arrebatou. Embora tentasse não conseguia que sua fala fosse admitida em rodas de bate-papo como aquela onde as relações de poder legitimam vozes e só. Essa constatação lhe afastava ainda mais dali.

Decidiu então fazer a escolha que segundo ela era a mais acertada: fecha-se em si mesma. Ainda assim a dor não passou e como virose estendeu-se pela semana inteira. Na febre questionou amizades, familiares e sua própria vida. Não parou de indagar, reviu contratos sociais, investimentos amorosos e constatou que ter poder é depender de falas e posturas.

O que era uma simples aflição agora se torna uma reflexão em cadeia. Tudo que construiu para manter-se longe de problemas externos eram apenas teorias que funcionaram em alguns momentos, uma espécie de placebo é desmascarado pela necessidade de crescimento e de entendimento das relações políticas. O mundo agora lhe exige respostas mais maduras.

Sem entender ela é empurrada para uma hermenêutica imensurável. Talvez seja hora de ser aquilo que é em essência, não o que todos querem que seja. É hora de afinar as identidades.

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